quinta-feira, dezembro 05, 2013

Entrevista da Bird Magazine a Norberto Valério, Miguel Gomes e Olinda Santana


A exposição “Alma Tua”, inaugurada no dia 19 de novembro no espaço-galeria do Ciclo Cultural da UTAD, no Complexo Pedagógico, permanece em exibição até ao dia 17 de dezembro.
A mostra está integrada na agenda cultural da rede de parcerias desenvolvida entre o Ciclo Cultural da UTAD, a Casa-Museu Maurício Penha, a Traga-Mundos e a Escola Secundária Camilo Castelo Branco, em Vila Real.
Uma linha centenária que servia as populações desfavorecidas e abandonadas do interior, a construção de uma nova barragem e, a consequente destruição de um património imaterial do Vale do Tua constituem o pano de fundo do projeto “Alma Tua”. Norberto Valério é o responsável pela fotografia e Miguel Gomes dá voz às imagens captadas pela objetiva do fotógrafo.
A Bird Magazine esteve à conversa com os autores da exposição e com a
coordenadora do Ciclo Cultural, Olinda Santana. 
Miguel Gomes (esq.), Olinda Santana e Norberto Valério (dt.)

DR



(entrevista áudio)

domingo, julho 28, 2013

História de Vida de Artur Teixeira da Silva Almeida


Entrevistado: Artur Teixeira da Silva Almeida
Entrevistadora: Anabela de Matos Loução
Local da entrevista: Vila Real
Data da entrevista: 29 de abril de 2011

Identificação:
Nome: Artur Teixeira da Silva Almeida
Nasceu no dia 26 de Março de 1945
Idade: 66 anos
Tem alguma fotografia sua quando era criança? Sim
Pode mostrar-me? Sim
Naturalidade:
Onde nasceu? Vila Real – São Dinis
Local de nascimento: em casa
Lugar de residência actual coincide com o lugar de nascimento ou não? Porquê?
Não. Depois casar mudou de freguesia
Como era a sua família?
Número de irmãos: cinco (duas irmãs e três irmãos)
A sua família tinha uma alcunha? Sim
Qual? Ramalhete
Por quê? O avô era pirotécnico fabricava e lançava foguetes nas festas , sendo bastante elogiado pelos habitantes, pelo efeito visual, daí a alcunha de Ramalhete.
Vida dos pais
Como se chamam ou chamavam os seus pais?
Pai: Artur da Silva Almeida
Mãe: Maria de Lurdes Teixeira
De onde eram? Vila Real
Local de nascimento do pai: Agarez - Vila Real
Local de nascimento da mãe: Ramadas - Vila Real
Sabe em que ano nasceram? Não
Sabe como eles se conheceram? Não
Em que ano casaram? Não se recorda
Tem alguma fotografia do casamento dos seus pais? Não
Onde ficaram a viver? Vila Real
Quantos filhos tiveram? Seis filhos
Qual a profissão do seu pai? Pirotécnico e empregava dezasseis pessoas
Qual a profissão da sua mãe? Doméstica
Dificuldades/ facilidades da vida dos seus pais e da sua.
Não tiveram dificuldades, viviam bem , tinham empregados.
Outros assuntos: época difícil, tempo de guerra, mas não passaram fome nem mal.
A sua vida
O Sr. nasceu no ano de ? 1945
Nasceu em casa? Sim
No hospital? Na maternidade?
Teve possibilidades de estudar? Sim.
Quantos anos frequentou a escola? 4 anos.
Onde estudou? Concluiu em Angola 9º ano.
Seguiu a profissão do seu pai? Ou mãe? Simplesmente ajudava.
Por quê?
Escolheu a sua profissão livremente ou foi imposta pelos seus pais? Escolheu livremente.
Ou pelas circunstâncias de vida?
Como conseguiu os seus empregos? Empregado numa escola de condução e foi empresário , “Auto-Marão” Escola de Condução.
Aprendeu uma profissão? Não.

Foi aprendiz? Foi mestre? Caçador por desporto, peças artesanais, móveis, flechas, revólveres.
Teve sempre a mesma residência ou mudou de lugar?
Por que razão?
Casamento? Sim.

Migração
Migrou para uma cidade? Não.

Emigração
Emigrou para o estrangeiro? Não.

Estado civil
Quando era jovem, como se divertia? Ajudava nas festas e a bailaricos.
Quando e como conheceu a sua esposa/ seu marido? (trabalho, casualidade, vizinhança, família, amigos…) - A esposa, Maria Ester Figueiredo Trindade, conheceu-a numa festa de Vila Nova, ele ajudava a levar o fogo para a festa com 12 anos e recorda a de vestido de bombazina que a mesma trazia vestido (cor de vinho).
Tem correspondência do seu namoro? Sim, quando estava na guerra.
Tem fotografias tiradas durante o seu namoro? Sim.
Quando casaram? Setembro de 1969.
Tem fotografias do seu casamento? Sim.

Filhos:
Número de filhos? Três filhos
Tem fotografias dos seus filhos pequenos? Sim tenho.
Que estudos fizeram? 9º ano de escolaridade.
Guarda os seus diplomas? Não sabe.

Práticas religiosas
Praticava/ frequentava alguma religião? Sim praticava .
Qual? Religião católica.
Andou na catequese? Sim.
Fez as comunhões? Sim.
Tem fotografias da sua comunhão solene? Não .
Fez o crisma? Sim.
Ia nas procissões? Não.
Pertenceu à fábrica da Igreja? Não.
Foi mordomo de alguma festa religiosa? Não
Tem fotografias dessas festas? Não.
Pertenceu a algum grupo da Igreja (JAC, JOC, Cruzada, Lusitos, Legião Portuguesa, etc.)
Memória do Passado
O que recorda de Portugal no período em que nasceu? Período difícil .
(Implantação da República, Regime Salazarista (Estado Novo), 25 de Abril de 1974, Regime Democrático)
Lembra-se do pós-guerra (2.ª Guerra Mundial)? Não.
Como se vivia nesse tempo? Viviam-se tempos difíceis.
Lembra-se como era a vida no período regime salazarista?
Acha que havia falta de liberdade? Sim muita.
E de oportunidade? Também.
Os mais pobres tinham as mesmas oportunidades que os filhos “das boas famílias”? Não tinham as mesmas oportunidades.
Como viveu esse período de repressão?
Algum dia foi interrogado pela PIDE? Não.
Que acontecimentos políticos, sociais vividos no país o marcaram mais?
Como viveu no regime autoritário do Estado Novo? Que tinha como lema “Deus, pátria e família”? Era obrigado a seguir o Regime.
O poder era exercido pela Igreja? Os padres mandavam nas aldeias? Sim.
Lembra-se das actividades desenvolvidas pela Casa do Povo da sua aldeia? Não .
O chefe da família era o dirigente da casa? Sim.
A mulher tinha os mesmos direitos que o marido? Ou não? Não.
O marido era fiel à esposa ou não? Muitas vezes não eram.
A mulher aceitava a infidelidade? Por falta de sobrevivência económica? Pelos filhos? Pelo amor? Sim por ambos.
A mulher era autónoma? Tinha trabalho? Ou era doméstica? Doméstica.
Os casais usavam métodos anticoncepcionais ou não? Por quê? A maioria não era informada.
A Igreja não aconselhava o uso de anticonceptivos, as famílias eram aconselhadas a ter os filhos “que Deus quisesse”. Sim de certa forma.

Opções políticas
Foi activista político? Não.
Pertenceu a algum partido ou movimento? Não .
Esteve preso no Regime Salazarista? Não.
Participou em manifestações? Não.

Foi apoiante do Regime Salazarista? Era anti-comunista .
Pertenceu à polícia política de Salazar? Não.

Guerra Colonial
Esteve na Guerra Colonial? Sim, em 1966 (20 anos) durante dois anos e meio.
Em que colónia? Guiné-Bissau.
Em que data? Maio.
Esteve em combate? Sim.
Lembra-se de algum episódio passado lá? Sim, vários.
Quando voltou da guerra? Dois anos e meio em 1968.
Acha que a guerra era necessária? Não.
Ou foi um erro e um flagelo para a juventude portuguesa? Flagelo.
Ficou com traumas da guerra? Refere que não (mas apercebi-me que sim).
Foi tratado, quando regressou a Portugal? Não.
Guarda fotos e cartas desse tempo? Sim.
Ficou a residir numa ex-colónia?
Constituiu lá a sua família? Não.
Quando regressou? 1968.
Foi difícil o seu retorno a Portugal? Não .
O que lembra dessa experiência? Muito dolorosa.
A guerra colonial: a visão das mães, mulheres, irmãs… Sofriam.
Como mães como viram a guerra colonial? Muita angústia e tristeza.
Como aceitaram passivamente a ida dos filhos para a guerra? Foi difícil a partida.
Como noivas e mulheres como sofreram a guerra imposta pelo regime autoritário de Salazar?
Como irmãs como sentiram o afastamento dos irmãos e namorados na guerra? Sentiram-no com bastante sofrimento.
O que gostaria de dizer sobre esse enorme drama que atingiu Portugal nas décadas de 60 e 70? Não havia necessidade .
Foram milhares de jovens que perderam a vida e outros tantos que ficaram mutilados e muitos ainda que ficaram traumatizados.
Tem alguma história em especial que nos queira contar? Sim, várias histórias.
Referiu algumas experiências traumáticas, uma delas foi quando um dos pelotões, não aparecia há mais de uma semana, o coronel decidiu ir sua procura e quando chegaram depararam com situação caótica, seus companheiros encontravam-se mortos, pendurados pelos pés, esquartejados, sem dedos nem unhas e sem órbitas nos olhos.
Outra das situações que o marcou e sensibilizou bastante foi a morte do seu amigo, o coronel Boavida, que ao detectar uma mina, afastou os seus companheiros e atirou-se para cima da mesma, salvando-os a todos e acabando por falecer.
Embora refira que não possui traumas de guerra e aparente tranquilidade no seu discurso, apercebi-me que não corresponde à realidade, uma vez que se emociona facilmente ao relatar e relembrar episódios marcantes, e na realidade apresenta mazelas psicológicas.
Comparação com o presente
O que lhe parece que mudou? Pensa mudaram para melhor.
No aspecto político: mudança da ditadura para a democracia.
Nas relações homem-mulher: mudança de papéis sociais, mulher trabalha fora de casa, reconhecimento e equiparação dos direitos sociais, etc. Referiu que houve uma mudança positiva no “papel” desempenhado pela mulher.

História de Vida de Álvaro Batista Guedes


Entrevistado: Álvaro Batista Guedes
Entrevistadora: Anabela de Matos Loução
Local da entrevista: Vila Nova, Vila Real
Data da entrevista: 8 de abril de 2011

Identificação:
Como se chama?
Nome: Álvaro Batista Guedes
Esposa: Clotilde de Jesus Matias Ribeiro Guedes.
Data de nascimento: 16 de Agosto de 1941
Idade: 69 anos
Tem alguma fotografia sua quando era criança?
Não tem
Pode mostrar-ma?

Naturalidade:
Onde nasceu? Freguesia de Nogueira
Local de nascimento: Em casa
Lugar da residência actual coincide com o lugar de nascimento ou não? Por quê?
Não coincide, porque emigrou
Actualmente vive no Lugar da Pitanela – Folhadela – Vila Real
Como era a sua família?
Número de irmãos: uma irmã
A sua família tinha uma alcunha? Não

Vida dos pais
Como se chamam ou chamavam os seus pais?
Pai: Abel Batista Guedes
Mãe: Maria do Rosário Machado
De onde eram?
Local de nascimento do pai: Nogueira
Local de nascimento da mãe: Nogueira
Sabe em que ano nasceram? Pai em 1900 e mãe em 1905
Sabe como eles se conheceram? Não sei.
Em que ano casaram?
Tem alguma fotografia do casamento dos seus pais? Não.
Onde ficaram a viver? Nogueira.
Quantos filhos tiveram? Um casal.
Qual a profissão do seu pai? Lavrador/Agricultor.
Qual a profissão da sua mãe? Lavradora/Agricultura.
Dificuldades/ facilidades da vida dos seus pais e da sua.
Outros assuntos: Tinham dificuldades, eram pobres.

A sua vida
O Sr./Sra. Nasceu no ano de? 1941
Nasceu em casa? Sim
No hospital? Na maternidade?
Teve possibilidades de estudar? Sim
Quantos anos frequentou a escola? Frequentou 4 anos.
Onde estudou? Estudou em Nogueira Escola Primária fez 4ª classe e terminou “Ginásio” no Brasil
Seguiu a profissão do seu pai? Ou mãe? Não.
Por quê?
Escolheu a sua profissão livremente ou foi imposta pelos seus pais? Não foi imposta.
Escolheu Comércio.
Ou pelas circunstancias de vida?
Como conseguiu os seus empregos? Comércio, Restaurante e Hotel.
Aprendeu uma profissão? Sim
Qual? Alfaiate
Onde? Nogueira
Em que local?
Foi aprendiz? Foi mestre? Sim foi aprendiz
Teve sempre a mesma residência ou mudou de lugar?
Por que razão?
Casamento? Em Portugal em 1959.

Emigração
Emigrou para o estrangeiro? Sim emigrou para o Brasil em 1961.
Por quê? Procura melhores condições vida Foi fácil encontrar trabalho? Não, foi difícil.
Quantos trabalhos teve nesse local – Três trabalhos, vendeu legumes no mercado, teve lanchonete e posteriormente adquiriu um restaurante e hotel.
A adaptação foi fácil ou difícil? Bastante difícil.
O que recorda desse tempo? Recorda que havia muitos assaltos.
Quantos anos aí ficou? 50 anos.
Quando regressou? Regressei há 15 anos.
Por que regressou? Saudades e voltei as origens.
Não se arrependeu de voltar? Não.
Por quê?
Enviava correspondência à sua família? Por telefone.
Tem alguma carta desse tempo? Não

Estado civil
Quando era jovem, como se divertia? Bailaricos na aldeia e pertencia grupo da igreja onde faziam peças teatro.
Quando e como conheceu a sua esposa/ seu marido? (trabalho, casualidade, vizinhança, família, amigos…). A esposa era sua vizinha e encontravam-se nos bailaricos da freguesia.
Tem correspondência do seu namoro? Não.
Tem fotografias tiradas durante o seu namoro? Não
Quando casaram? Em 1958.
Tem fotografias do seu casamento? Sim, Bodas de Ouro.
Filhos:
Número de filhos? Dois filhos, casal.
Tem fotografias dos seus filhos pequenos?
Que estudos fizeram? Filha é advogada no Brasil e o filho tem o 12º ano de escolaridade, ambos são responsáveis pelo negócio no Brasil (Hotel).
Guarda os seus diplomas? Não se recorda.

Práticas religiosas
Praticava/ frequentava alguma religião? Sim praticava.
Qual? Religião católica.
Andou na catequese? Sim
Fez as comunhões? Sim
Tem fotografias da sua comunhão solene? Não
Fez o crisma? Sim
Ia nas procissões? Sim.
Tem fotografias das procissões? Sim
Pertenceu à fábrica da Igreja?
Foi mordomo de alguma festa religiosa? Não
Tem fotografias dessas festas? Não.
Pertenceu a algum grupo da Igreja (JAC, JOC, Cruzada, Lusitos, Legião Portuguesa, etc.) Não
Sou membro do Roter Internacional (ajuda aos desfavorecidos sem fins lucrativos).
Tem fotografias dessas actividades? Não.
 
Memória do Passado
O que recorda de Portugal no período em que nasceu? Participou em peças de teatro quando era adolescente. Sim, algumas na igreja.
(Implantação da República, Regime Salazarista (Estado Novo), 25 de Abril de 1974, Regime Democrático). Recorda de pouca coisa.
Lembra-se do pós-guerra (2.ª Guerra Mundial)? Não.
Como se vivia nesse tempo? Eram tempos difíceis, não podiam conversar livremente.
Lembra-se como era a vida no período regime salazarista? Os meus pais recordavam e diziam que se vivia uma época difícil, com dificuldades e onde pessoas não podiam falar.
Acha que havia falta de liberdade? Não havia liberdade.
E de oportunidade? E de oportunidade também não.
Os mais pobres tinham as mesmas oportunidades que os filhos “das boas famílias”? Não tinham as mesmas possibilidades. Os filhos das pessoas ricas eram mais beneficiados e bem visto.
Como viveu esse período de repressão? Recorda que os pais comentaram que passaram dificuldades.
Algum dia foi interrogado pela PIDE? Não. Ouvi alguns episódios de conhecidos.
Que acontecimentos políticos, sociais vividos no país o marcaram mais? Não se recorda muito.
Como viveu no regime autoritário do Estado Novo? Que tinha como lema “Deus, pátria e família”?
O poder era exercido pela Igreja? Os padres mandavam nas aldeias? Não, cantava o hino nacional, recorda que a professora lhe bateu e o feriu.
Lembra-se do pároco da sua aldeia? Sim, Padre José Palma.
Que actividades educativas e culturais dirigia?
Teatro? Sim.
Folclore? Não.
Música? Não.
Lembra-se das actividades desenvolvidas pela Casa do Povo da sua aldeia? Não recordo.
Os professores eram também pessoas com uma forte influência na comunidade. Como recorda os seus professores primários? Eram muito autoritários.
O chefe da família era o dirigente da casa? Era a minha mãe.
A mulher tinha os mesmos direitos que o marido? Ou não? Não, não tinha.
O marido era fiel à esposa ou não? Eram mais discretos.
A mulher aceitava a infidelidade? Por falta de sobrevivência económica? Pelos filhos? Pelo amor? Sim pelo facto de não trabalharem e também pelos filhos.
A mulher era autónoma? Tinha trabalho? Ou era doméstica? Doméstica.
Os casais usavam métodos anticoncepcionais ou não? Por quê? A maioria não tinha conhecimento.
A Igreja não aconselhava o uso de anticonceptivos, as famílias eram aconselhadas a ter os filhos “que Deus quisesse”. Não falavam de anticonceptivos e os domingos era dia de festa.
Concordou com essa imposição ou não? Não respondeu.
Havia muitos abortos naturais e muita mortalidade infantil? Sabe por quê? Sim havia, pois não havia informação.

Opções políticas
Foi activista político? Não
Pertenceu a algum partido ou movimento? Não
Esteve preso no Regime Salazarista? Não.
Participou em manifestações? Não.
Foi apoiante do Regime Salazarista? Não
Pertenceu à polícia política de Salazar? Não
Seguidor/ admirador de Salazar? Não
Seguidor/ admirador de Marcelo Caetano? Sim admirava.

Guerra Colonial
Esteve na Guerra Colonial? Não.

Emigrou para o Brasil
Fixou-se em? São Paulo.
Viveu alguma catástrofe natural (cheias, temores de terra, derrocadas, guerra, exílio, etc.)? Sim, derrocadas em S. Paulo.
Sofreu alguma experiência traumática? Não.
Morte de um ente querido? Não.
Acidente? Não.
Doença grave? Não.
Tem alguma história em especial que nos queira contar? Fiquei assustado com os jacarés, cobras em Mato Grosso. Nos anos 80 e 90 havia assaltos, resultantes das favelas do Rio de Janeiro. Comprou carro a álcool em 1966.

Comparação com o presente
O que lhe parece que mudou?
No aspecto político: mudança da ditadura para a democracia. Residia a 80 Km de São Paulo e tem um Hotel com loteamento industrial, ficando os meus filhos a gerir os negócios.

No aspecto económico: por um lado, melhores salários, melhores empregos depois do 25 de Abril, reforma para toda a gente até ao final do século XX.
- Idosos têm melhores condições de vida do que tiveram os seus pais? Sim.

Aspecto social: deu-se a universalização da Segurança Social. Do Estado Social em todos os países europeus, depois da queda das ditaduras salazarista, franquista, italiana, etc.
Acha que existe muita população envelhecida e poucos incentivos à natalidade.
Sim, acha que existem muitas pessoas idosas, que deveria existir mais incentivos à maternidade.

História de vida de Manuel Joaquim Ferreira Vilela

Entrevistado: Manuel Joaquim Ferreira Vilela
Entrevistadora: Fátima Cerdeiral Vilela
Local da entrevista: Vila Real
Data da entrevista: 19 de maio de 2013

Identificação:
Nome: Manuel Joaquim Ferreira Vilela
Data de nascimento: 31.07.1957
Data de nascimento que consta no bilhete de identidade: 10.08.1957
Idade: 55 anos

Naturalidade:
Onde nasceu? Vila Meã - S. Tomé do Castelo
Local de nascimento: Vila Meã
Lugar da residência atual coincide com o lugar de nascimento ou não? Por quê?
Não coincide porque construi casa em Vila Real.
Como era a sua família? Muito honesta e trabalhadora.
Número de irmãos: Uma irmã.
A sua família tinha uma alcunha? Não.

Vida dos pais
Como se chamam ou chamavam os seus pais?
Pai: Manuel Joaquim Martins Vilela
Mãe: Maria de Lurdes Ferreira
De onde eram? Freguesia de S. Tomé do Castelo
Local de nascimento do pai: Vila Meã
Local de nascimento da mãe: Águas Santas
Sabe em que ano nasceram?
A minha mãe nasceu no ano de 1930. O meu pai não sei, pois morreu tinha eu 2 meses de vida.   
Sabe como eles se conheceram? Não.
Onde ficaram a viver? Vila Meã
Quantos filhos tiveram? Dois
Qual a profissão do seu pai? Falecido
Qual a profissão da sua mãe? Doméstica e trabalha no campo.
Dificuldades / facilidades da vida dos seus pais e outros assuntos: Foi uma vida muito difícil, principalmente para a minha mãe porque ficou viúva muito cedo.
O meu pai morreu quando eu tinha apenas 2 meses de vida e a minha irmã tinha apenas dois anos. Para ela nos criar não foi nada fácil porque não só tinha de fazer a vida do campo como também a vida de casa.
Vivia-se apenas dos rendimentos agrícolas que eram muito poucos, pode-se dizer que quase nenhuns. Algum dinheiro que a minha mãe adquiria era dos vitelos que vendia porque tinha quatro vacas. Era desse rendimento que se comprava vestuário e petróleo para as candeias, pois não havia luz elétrica nem água canalizada. Todas as pessoas da aldeia se abasteciam na mesma fonte, mas com a graça de Deus nunca passamos fome.
Quando eu era mais crescido, ou seja, com a idade de 6 anos, já ajudava a minha mãe. Ia para o monte com as vacas e regava o milho e as batatas com ela.   

A sua vida…
O Sr. nasceu no ano de? 1957
Nasceu em casa? Sim
Teve possibilidades de estudar? Sim.
Quantos anos frequentou a escola? Estudei até à 6º classe em Portugal. Mais tarde em Angola, continuei os estudos.
Onde estudou? Na minha aldeia até à 4º classe. A 5º e a 6º classe foram feitas numa aldeia próxima, em Sanguinhedo.
Seguiu a profissão do seu pai? Ou mãe?
Não. Apesar de ter trabalhado até aos 16 anos na agricultura. Mas depois fui para Angola trabalhar.
Por quê? Porque a agricultura não dava rendimento.
Escolheu a sua profissão livremente ou foi imposta pelos seus pais? Livremente. Gosto muito da minha profissão.
Como conseguiu os seus empregos?
Trabalhei na agricultura para ajudar a minha mãe. Aos 16 anos, fui para Angola trabalhar por convite do meu tio (irmão da minha mãe).
Aprendeu uma profissão? Sim, várias.
Qual? Mecânico de carros e máquinas pesadas.
Onde? Cabinda – Angola.
Em que local? Cabinda.
Foi aprendiz? Foi mestre? Fui aprendiz e anos mais tarde professor de mecânica.
Teve sempre a mesma residência ou mudou de lugar? Mudei de lugar.
Aos 16 anos fui trabalhar para Angola. Casei-me em Portugal e construi casa em Vila Real, aonde vivia quando vinha de férias de Angola.
Por que razão? Para conseguir um melhor salário.
Casamento? Sim
Profissão? Atualmente especialista de máquinas de petróleos.
Outro? Formador na área de mecânica petrolífera. 
Migração
Migrou para uma cidade? Sim.
Para qual? Cabinda por motivos profissionais. E para Vila Real, poucos anos após o casamento.
Por quê? À procura de uma vida melhor.
Foi fácil encontrar trabalho? Sim.
Quantos trabalhos teve nesse local? 3
A adaptação foi fácil ou difícil? Fácil.
O que recorda desse tempo?
Quando cheguei a Cabinda, eu tinha uma vida boa. O salário também era bom. Era cidade com muita vida, tinha muitos divertimentos durante a noite e fins-de-semana. 

Emigração
Emigrou para o estrangeiro? Sim, para Angola.
Quando? Dia 18 de Maio de 1973.
Por quê? À procura de uma vida melhor. 
Quantos anos aí ficou? 31 anos.
A adaptação foi fácil ou difícil? Fácil.
Quando regressou? Nunca regressei, apenas nas férias.
Nunca me arrependi de ter ficado em Angola. Ter-me-ia arrependido se tivesse voltado para Portugal.
Enviava correspondência à sua família? Sim.
Tem alguma carta desse tempo? Não.

Estado Civil
Quando era jovem, como se divertia?
Não havia grande tempo para divertimentos enquanto estive em Portugal, só depois que emigrei.
Quando era criança, escorregávamos pelos montes utilizando giestas.
Quando e como conheceu a sua esposa / seu marido? (trabalho, casualidade, vizinhança, família, amigos…)
Através de uma amiga, numa festa popular perto da minha terra natal.
Quando casaram? Em 22 de Janeiro de 1984.
Tem fotografias do seu casamento? Sim.
Pode mostrá-las? Sim.

Filhos
Número de filhos? Uma filha. 
Tem fotografias dos seus filhos pequenos? Sim.
Que estudos fizeram? Tirou o curso de Naturologia-Acupunctura. Atualmente está a tirar outro curso.
Guarda os seus diplomas? É ela que guarda os diplomas.
Que empregos tiveram? Desde que se formou, sempre trabalhou na área dela. Contudo, também ajudava a mãe.
Onde? Trabalhou fora de Portugal e atualmente em Lisboa, Tábua e Vila Real.

Práticas religiosas
Praticava / frequentava alguma religião? Sim.
Qual? Católico.
Andou na catequese? Sim.
Fez as comunhões? Sim.
Tem fotografias da sua comunhão solene? Não.
Fez o crisma? Sim.
Ia nas procissões? Não.
Pertenceu à fábrica da Igreja? Não.
Foi mordomo de alguma festa religiosa? Não.
Tem fotografias dessas festas? Não.
Pertenceu a algum grupo da Igreja (JAC, JOC, Cruzada, Lusitos, Legião Portuguesa, etc.) Não.

Memória do Passado
O que recorda de Portugal no período em que nasceu?
Muita miséria. As pessoas tinham muito pouco para viverem. Tudo o que tinham era do que cultivavam. 
Lembra-se como era a vida no período regime salazarista? Sim.
Acha que havia falta de liberdade? Sim, muita falta de liberdade.
E de oportunidades? Muito poucas oportunidades.
Os mais pobres tinham as mesmas oportunidades que os filhos “das boas famílias”? Não. Os mais ricos sempre tiveram mais oportunidades e ainda hoje isso acontece, infelizmente.
Como viveu esse período de repressão? Tinha uma vida normal pois não me metia na política. O facto de se viver muito longe de Lisboa, fez com que não se sentisse a repressão de uma maneira tão forte como em Lisboa.
Algum dia foi interrogado pela PIDE? Não.
Alguém da sua família foi interrogado pela PIDE? Não.
Que acontecimentos políticos, sociais vividos no país o marcaram mais?
Como estava a trabalhar fora do país, nunca fui afetado pelos acontecimentos políticos.
O poder era exercido pela Igreja? Os padres mandavam nas aldeias? Tinham alguma influência.
Lembra-se do pároco da sua aldeia? Sim.
Teatro? Música?
O teatro e a música desses tempos eram o trabalho.
Lembra-se das atividades desenvolvidas pela Casa do Povo da sua aldeia? Não havia Casa do Povo.
Os professores eram também pessoas com uma forte influência na comunidade. Como recorda os seus professores primários?
Eram bons e amigos dos pobres.
A mulher era autónoma? Tinha trabalho? Ou era doméstica? Doméstica e trabalhava no campo.

Opções políticas
Foi ativista político? Não.
Pertenceu a algum partido ou movimento? Não.
Esteve preso no Regime Salazarista? Não.
Participou em manifestações? Não.
Foi apoiante do Regime Salazarista? Não.
Pertenceu à polícia política de Salazar? Não.
Seguidor / admirador de Salazar? Não.
Seguidor / admirador de Marcelo Caetano? Sim.
Por quê?
Porque foi o Marcelo Caetano que levou o país à democracia e fez com que houvesse reformas para todos.

Guerra Colonial
Esteve na Guerra Colonial? Não. Mas vivi de muito de perto a revolução civil que aconteceu em Angola.
Em que colónia? Angola.
Em que data? 1973 a 75.
Lembra-se de algum episódio passado lá?
Lembro-me de muitas coisas de Angola, do antes e depois da independência.
Eu encontrava-me a viver com os meus tios, os quais me tinham mandado ir para Angola. Até essa altura (antes da independência) tudo foi muito fácil e eu tinha uma boa vida. Estudava à noite e trabalhava durante o dia. Aprendi a profissão de mecânico. Para mim foi um mar de rosas, nada me faltava.
De 1973 a 1974, eu trabalhava numa oficina de carros. De 1974 a 1975, eu trabalhei em outra oficina de máquinas pesadas. A partir de 11 de Novembro de 1975, data da independência de Angola, tudo se tornou num autêntico inferno, com as guerras entre os partidos existentes em Angola - F.N.L.A., de Holden Roberto, M.P.L.A. de Agostinho Neto e a U.N.I.T.A., de Savimbi.
Nessa altura, muitos países deram auxílio a Portugal para evacuar todos quantos dali quisessem sair. Mas em primeiro lugar era dada a prioridade às mulheres e crianças, só depois é que eram os homens.
Os meus tios saíram de Angola dois meses antes da Independência. Eles queriam que eu fosse com eles, mas resolvi ficar. Mais tarde arrependi-me por não ter saído também, mas já era tarde demais. Por ali aguentei naquele inferno. Quase todos os dias havia combates, onde milhares de pessoas perdiam a vida. Assisti sem querer, a vários episódios de combates e vi tanta gente a morrer à minha frente.
Havia guerra a toda a hora fora das cidades, e nas cidades, por vezes, havia uma pausa que nunca se sabia por quanto tempo. Por vezes, saia de casa e estava tudo calmo e horas depois ou minutos, tudo começava de novo, o que me fazia ir a correr para um lugar mais seguro e por vezes nesse lugar onde me encontrava a poucos metros, via gente a ser morta e sem poder socorrer ninguém.
São imagens que nunca esqueço mas com a graça de Deus nunca fui atingido. Além da guerra, havia falta de tudo – luz, água e comida. Cheguei a andar a comer só arroz durante sete meses sem mais nada; era arroz com arroz, sem temperos e sem mais nada pois não havia onde comprar nada. Tinha dinheiro mas não tinha era aonde comprar. A única coisa que ia conseguindo, era só arroz; se queria peixe tinha de o ir pescar mas também não tinha anzóis para pescar nem onde os comprar; além disso, também era perigoso ir à pesca porque estava muito sujeito a ser morto.
Mais tarde, em 1976, foram criadas as lojas do povo. A cidade foi dividida com diversas lojas; cada uma delas tinha um nome de um bairro ou de uma pessoa que fosse importante. Só podia comprar as coisas no bairro de onde pertencia; não se podia ir ao bairro dos outros nem os outros ao nosso. Existiam umas cadernetas, onde na primeira capa tinham os dados pessoais, por exemplo, nome, idade, se era casado ou solteiro. Só se podia comprar um pão por dia, 2 litros de azeite ao mês, 2kg de arroz... Tudo que se comprava era escrito na caderneta - o dia em que se fez compras. Depois só no mês seguinte é que se podia voltar a fazer compras. Sempre que uma pessoa ia fazer compras, eles iam ver se já tinha feito as compras daquele mês. Mas o problema que se encontrava, era quase sempre o mesmo - nunca havia nada na loja; por vezes ia comprar arroz ou batatas mas só havia feijão, então comprava só o feijão e era isso que comia e nada mais. Outras vezes, só arroz; com sorte, às vezes havia duas ou três coisas para comprar. Uma coisa que eu nunca consegui comprar, foi pão, pois nunca havia.
Tudo isto aconteceu até 17 de Fevereiro de 1977, data em que consegui emprego nos petróleos, na Cabinda Golf. Ali comecei a trabalhar nas máquinas de extração do petróleo. Após alguns anos de prática e cursos dados pela companhia e certificados de louvor passei a técnico de máquinas. Mais tarde, passei a chefe e ao mesmo tempo a treinar o pessoal natural de Angola na reparação e manutenção de máquinas.
Em Março de 2004 fui para a Nigéria, trabalhar para a mesma companhia. Lugar aonde ainda me encontro e com a qual estou muito satisfeito e por aqui penso ficar.
Acha que a guerra era necessária? Não.
Ou foi um erro e um flagelo para a juventude portuguesa? Foi um erro muito grande.
Ficou com traumas da guerra? Apenas com fracas imagens. 
Ficou a residir numa ex-colónia? Sim.
Constituiu lá a sua família? Não.
Por que motivo ficou lá? À procura de uma vida melhor.
Quando regressou? Só de férias. A primeira vez que vim de férias foi em 18 de Maio de 1978.
Como as mães viram a guerra colonial?
Viram a guerra como uma perda de vidas, em que muitas pessoas foram mutiladas para nada. Quando fiquei em Angola na altura da independência, para a minha mãe foi uma tristeza muito grande, pois pensou nunca mais me voltar a ver e eu pensei o mesmo. Fiz tudo isto a pensar na minha mãe porque a queria ajudar e sempre que podia lhe mandava dinheiro.
Durante este período era muito complicado enviar dinheiro para a minha mãe. Antes da independência, era fácil, bastava ir ao banco e eles faziam a transferência para Portugal, mas após a independência, eu ia até à alfândega e dizia que ia enviar roupa. Eles faziam a revisão de toda a roupa e quando eles mandavam fechar a mala, rapidamente eu colocava o dinheiro no meio da roupa, sem eles repararem.
Como aceitaram passivamente a ida dos filhos para a guerra?
Penso que ninguém aceitava ver os filhos partir para a guerra mas naquele tempo ninguém escapava porque era obrigatório. Alguns ainda fugiram para França mas muito poucos.
Eu tinha um tio, que era passador. Ele ajudou muitos jovens a escapar de irem para a guerra, pois arranjava-lhes forma de irem trabalhar para França. Ele passava-os na fronteira a pé e tinha outro amigo espanhol que o ajudava.
O que gostaria de dizer sobre esse enorme drama que atingiu Portugal nas décadas de 60 e 70?
Que tudo isto podia ter sido evitado. Portugal não devia ter dado tantas esperanças para quem por lá (Angola) andou. Disseram que as províncias ultramarinas eram nossas para depois chegarem a 1975 e imensas pessoas ficarem sem nada.
Foram milhares de jovens que perderam a vida e outros tantos que ficaram mutilados e muitos ainda que ficaram traumatizados.

Migrações
Ida da aldeia para a cidade? Sim. 
Qual? Vila Real.
Fixou-se em? Vila Real.
Casou? Sim.
Teve filhos? Sim. Uma filha.
Emigrou? Angola, Nigéria.

Comparação com o presente
Tudo mudou para melhor sem comparação alguma.
Atualmente, as pessoas têm melhores condições de vida. Têm água canalizada, luz, saneamento, telefone e antigamente era muito difícil alguém ter tudo isto.
As pessoas estão cada vez mais consumistas. Gastam imenso dinheiro em coisas desnecessárias. É um consumo exagerado. Compram imensos telemóveis sem terem necessidade.
Agora, as pessoas têm carros, antigamente tínhamos de andar a pé para chegar a qualquer lado. Quando andava na escola em Sanguinhedo, tinha de fazer todos os dias da semana, por volta de 4 km, quer fizesse sol ou chuva. Atualmente, as pessoas têm um conforto que nunca existiu no passado e estão constantemente a queixarem-se.
Há muita mais fartura agora. Há mais alimentos, assistência médica. Antigamente, o que tínhamos para comer, tinha de ser produzido por nós. Tínhamos de cultivar as terras. Atualmente, as pessoas fogem das terras. Todos quiseram ir tirar cursos e tiveram possibilidade de os tirar. Antigamente, era rara a pessoa que tinha a possibilidade de ir estudar.
No aspeto político: mudança da ditadura para a democracia.
Eleições, livres, partidos políticos, sindicatos, associações várias (consumidores, ecologistas, direitos humanos, etc.)
Atualmente temos mais liberdade, pois temos direito ao voto. Mas o que acaba por acontecer em Portugal, é que quem é eleito acaba por abusar do poder e não ter a menor noção de gestão financeira, levando o país a ficar cada vez mais endividado.
No aspeto económico: por um lado, melhores salários, melhores empregos depois do 25 de Abril, reformas para toda a gente até ao final do século XX.
Atualmente, os idosos têm uma reforma e direito a assistência médica gratuita e antigamente nada disso existia.
De uma forma geral, existem melhores condições.
Portugal, já passou por algumas fases. A fase em que recebeu muito dinheiro da união europeia e acabou por abusar e desperdiçar dinheiro.
Atualmente, por má gestão e por falta de consciência, Portugal encontra-se numa situação precária. Pois toda a gente acha que tem direito a ganhar mais do que o outro. Não há o menor bom senso. A responsabilidade está nas mentalidades das pessoas. E se estamos no estado em que estamos, deve-se à falta de formação moral e ética da população em geral.
O português sempre foi um ser insatisfeito e que não soube dar valor ao que tinha de bom. E só quando emigra, é que dá valor ao trabalho e aprende a respeitar o patrão e colegas de trabalho.
As pessoas deviam aprender a respeitar o seu trabalho e a ter uma maior dedicação ao seu trabalho. Sem esforço nada se constrói e esse é um problema da sociedade atual. Habituou-se ao que é fácil e sem sacrifício.
Não é necessário tirar um curso, para se conseguir crescer na vida. É preciso dedicação, esforço, honestidade em qualquer que seja o trabalho. Quando amamos o que fazemos e nos dedicamos ao nosso trabalho, conseguimos vencer.
Nas relações homem-mulher: mudança de papéis sociais, mulher trabalha fora de casa, reconhecimento e equiparação dos direitos sociais, etc.
O homem e a mulher têm um papel semelhante na sociedade atual.

terça-feira, junho 18, 2013

História de vida de Filipe Perpétua da Cunha

Entrevistado: Filipe Perpétua da Cunha
Entrevistador: Marco André Gomes Martins
Local da entrevista: Vila Real
Data da entrevista: maio de 2013

Filipe Cunha


Identificação:
Como se chama?
Nome: Filipe Perpétua da Cunha
Nasceu no dia … ano de      ?
Data de nascimento: 9 de julho de 1977
Idade: 35

Naturalidade:
Onde nasceu?
Local de nascimento: Miragaia, Porto (Hospital de St. António).
Lugar da residência atual coincide com o lugar de nascimento ou não? Por quê? Não, pois nasci no Porto, mas os meus pais não eram daquela cidade. Para além disso, aos 7 meses de idade fui para os EUA com os meus pais e regressei a Portugal aos 10 anos, mais propriamente a Castelo de Paiva. Agora resido em Vila Real, pois a minha vida profissional começou cá e, entretanto, casei cá.

Como era a sua família?
Número de irmãos: 3 irmãs e 1 irmão (todos meios irmãos e não criado com eles).
A sua família tinha uma alcunha? Não.

Vida dos pais:
Como se chamam ou chamavam os seus pais?
Pai: Abel Silva da Cunha.
Mãe: Maria Celeste Moreira Perpétua da Cunha.

De onde eram?
Local de nascimento do pai: S. Jorge, Arcos de Valdevez.
Local de nascimento da mãe: Fornos, Castelo de Paiva.

Sabe em que ano nasceram? Pai 1933; mãe 1939.
Sabe como eles se conheceram? Através de um irmão do meu pai e um irmão da minha mãe.
Em que ano casaram? 1976.

Tem alguma fotografia do casamento dos seus pais? Sim.
Onde ficaram a viver? Inicialmente, até emigrarem para os EUA, estiveram em Lisboa e depois Castelo de Paiva. Finalmente, o regresso a Castelo de Paiva.
Quantos filhos tiveram? 1
Qual a profissão do seu pai? Foi operário fabril nos EUA, mas antes disso havia trabalhado na restauração em Lisboa e no Porto.
Qual a profissão da sua mãe? Foi operária fabril nos EUA e posteriormente doméstica.

A sua vida
O Sr. nasceu no ano de ? 1977.
Nasceu em casa? Não.
No hospital? Na maternidade? Hospital de Santo António, no Porto.
Teve possibilidades de estudar? Sim.
Quantos anos frequentou a escola? 12 ensino básico e secundário mais 7 anos licenciatura (5 anos mais 2 de matrícula sem frequentar).
Onde estudou? Our Lady of the Assumption School (1º ao 4º ano), Peekskill New York, Escola Preparatória de Castelo de Paiva (5º e 6º anos), Escola Secundária de Castelo de Paiva (7º ao 12º ano) e Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (Licenciatura pré-Bolonha).
Seguiu a profissão do seu pai? Ou mãe? Não.
Por quê? Porque tive a oportunidade de estudar e enveredar por aquilo que quis.
Escolheu a sua profissão livremente ou foi imposta pelos seus pais? Livremente.
Ou pelas circunstâncias da vida? A vida também me trouxe até aqui, pois a escolha de uma vida militar não correspondeu às expectativas. Assim, decidi estudar e escolhi Português-Inglês (ensino de) na UTAD por uma questão de conhecimento profundo de inglês e interesse pelo português, para além de uma paixão pela cultura e história.
Como conseguiu os seus empregos? Voluntariei-me para o exército aos 18 anos e fui recrutado aos 19. O meu estágio pedagógico integrado em Vila Real foi o 5º ano do meu curso. O emprego que tenho atualmente no WSI surgiu curiosamente de um encontro inesperado com uma antiga colega da UTAD no Lidl em Vila Real.
Aprendeu uma profissão? Não.
Teve sempre a mesma residência ou mudou de lugar? Sim, várias vezes.
Por que razão?
Casamento? Sim.
Profissão? Sim.
Outro? Emigração e posterior regresso a Portugal.

Migração
Migrou para uma cidade? Sim.
Para qual? Vila Real.
Por quê? Incorporação no exército.
Foi fácil encontrar trabalho? Felizmente e até hoje ainda não tive dificuldades.
Quantos trabalhos teve nesse local? 3
A adaptação foi fácil ou difícil? Fácil, mas o clima no início foi um pouco estranho.
O que recorda desse tempo? Regressar a casa. 

Emigração
Emigrou para o estrangeiro? Sim.
Quando? 1978.
Por quê? Fui com os meus pais.
Quantos anos aí ficou? 10 anos.
A adaptação foi fácil ou difícil? Era bebé por isso não tive dificuldades.
Quando regressou? 1987
Por que regressou? Vontade dos meus pais em me verem crescer em Portugal.
Não se arrependeu de voltar? Sim.
Por quê? Estava totalmente americanizado e o meu país era aquele. Os meus amigos estavam lá e tinha sérias lacunas no português.
Enviava correspondência à sua família? Sim, pois o meu pai continuou por lá emigrado.
Tem alguma carta desse tempo? Sim.

Estado civil
Quando era jovem, como se divertia? Com os amigos indo à discoteca, café ou um bar/pub.
Quando e como conheceu a sua esposa? (trabalho, casualidade, vizinhança, família, amigos…). Na escola onde leciono em 2008.
Tem correspondência do seu namoro? Não.
Tem fotografias tiradas durante o seu namoro? Sim.
Quando casaram? 29 de julho de 2012.
Tem fotografias do seu casamento? Sim.

Filhos:
Número de filhos? 0
Guarda os seus diplomas? Sim.

Práticas religiosas
Praticava alguma religião? Sim, mas pouco praticante.
Qual? Católico Apostólico Romano.
Andou na catequese? Escola católica nos EUA.
Fez as comunhões? Sim.
Tem fotografias da sua comunhão solene? Sim.
Fez o crisma? Sim.
Ia nas procissões? Não.
Pertenceu à fábrica da Igreja? Não.
Foi mordomo de alguma festa religiosa? Não.
Tem fotografias dessas festas? Não.
Pertenceu a algum grupo da Igreja? Não, mas fiz um “Convívios Fraternos”.
Tem fotografias dessas atividades? Sim.

Memória do Passado
O que recorda de Portugal no período em que nasceu? Não muito, só do que aprendi com a história, pois cresci nos EUA.
Lembra-se do pároco da sua aldeia? Sim.

Viveu alguma catástrofe natural (cheias, temores de terra, derrocadas, guerra, exílio, etc.)? Não.
Sofreu alguma experiência traumática? Sim.
Morte de um ente querido? Sim, o meu pai em 2009
Acidente? Fui atropelado nos EUA aos 5 anos.
Doença grave? Não.
Fez alguma loucura na sua vida? (Amor, negócios, aventuras, fugas, etc.) Não.
Tem alguma história em especial que nos queira contar?
Outros assuntos… Duas missões de manutenção da paz no estrangeiro: Kosovo 2000 (ao serviço da NATO) e Timor-Leste 2001-2002 (ao serviço da ONU).

Comparação com o presente
O que lhe parece que mudou? Não posso comparar.
Juventude: Como é ser jovem hoje?
Os mais jovens têm melhores condições de vida do que tiveram os seus pais? Sim ou não? Por quê?
Sim, antigamente as condições de vida eram muito diferentes. Generalizou-se aquilo a que apenas os mais abastados poderiam aspirar: mobilidade, conforto, progressão social, educação, alimentação e telecomunicações.
Têm dificuldades de encontrar o 1.º emprego? Por quê?
Não, pois voluntariei-me para o exército. Contudo, estive um ano à espera da minha incorporação.
Falta de políticas sociais de apoio aos jovens?
Não sou grande apologista de políticas sociais, pois tendo crescido nos EUA não as havia e, no entanto, as pessoas eram bem-sucedidas. Este modelo social europeu está, a meu ver, esgotado.

Necessidade de mais formação académica, profissional? Sim ou não? Por quê?
Sim, nem que não seja para emigrar.
Complexidade crescente do mundo laboral.
Concordo, pois há uma saturação de licenciaturas e uma economia sem capacidade de criação de empregos.
É mais fácil adquirir uma formação académica, mas é muito mais difícil conseguir um emprego.
Concordo.

quinta-feira, abril 11, 2013

História de vida de António Luís Parente Meixedo

Entrevistadora: Maria Olinda Rodrigues Santana (sobrinha)
Entrevistado: António Luís Parente Meixedo
Local da entrevista: Lugar de Campo Benfeito – Castro Daire (domicílio de férias da entrevistadora e do entrevistado).
Data da entrevista: nos dias 7 e 8 de agosto de 2012, das 15h às 18h.
Duração da entrevista: 5h, 2horas e meia no dia 7 e outras 2 horas e meia no dia 8.

António Luís Parente Meixedo, em Campo Benfeito, agosto de 2012