Entrevistado: Manuel Joaquim Ferreira Vilela
Entrevistadora: Fátima Cerdeiral Vilela
Local da entrevista: Vila Real
Data da entrevista: 19 de maio de 2013
Identificação:Nome: Manuel Joaquim Ferreira Vilela
Data de nascimento: 31.07.1957
Data de nascimento que consta no bilhete de identidade: 10.08.1957
Idade: 55 anos
Naturalidade:Onde nasceu? Vila Meã - S. Tomé do Castelo
Local de nascimento: Vila Meã
Lugar da residência atual coincide com o lugar de nascimento ou não? Por quê?
Não coincide porque construi casa em Vila Real.
Como era a sua família? Muito honesta e trabalhadora.
Número de irmãos: Uma irmã.
A sua família tinha uma alcunha? Não.
Vida dos paisComo se chamam ou chamavam os seus pais?
Pai: Manuel Joaquim Martins Vilela
Mãe: Maria de Lurdes Ferreira
De onde eram? Freguesia de S. Tomé do Castelo
Local de nascimento do pai: Vila Meã
Local de nascimento da mãe: Águas Santas
Sabe em que ano nasceram?
A minha mãe nasceu no ano de 1930. O meu pai não sei, pois morreu tinha eu 2 meses de vida.
Sabe como eles se conheceram? Não.
Onde ficaram a viver? Vila Meã
Quantos filhos tiveram? Dois
Qual a profissão do seu pai? Falecido
Qual a profissão da sua mãe? Doméstica e trabalha no campo.
Dificuldades / facilidades da vida dos seus pais e outros assuntos: Foi uma vida muito difícil, principalmente para a minha mãe porque ficou viúva muito cedo.
O meu pai morreu quando eu tinha apenas 2 meses de vida e a minha irmã tinha apenas dois anos. Para ela nos criar não foi nada fácil porque não só tinha de fazer a vida do campo como também a vida de casa.
Vivia-se apenas dos rendimentos agrícolas que eram muito poucos, pode-se dizer que quase nenhuns. Algum dinheiro que a minha mãe adquiria era dos vitelos que vendia porque tinha quatro vacas. Era desse rendimento que se comprava vestuário e petróleo para as candeias, pois não havia luz elétrica nem água canalizada. Todas as pessoas da aldeia se abasteciam na mesma fonte, mas com a graça de Deus nunca passamos fome.
Quando eu era mais crescido, ou seja, com a idade de 6 anos, já ajudava a minha mãe. Ia para o monte com as vacas e regava o milho e as batatas com ela.
A sua vida…O Sr. nasceu no ano de? 1957
Nasceu em casa? Sim
Teve possibilidades de estudar? Sim.
Quantos anos frequentou a escola? Estudei até à 6º classe em Portugal. Mais tarde em Angola, continuei os estudos.
Onde estudou? Na minha aldeia até à 4º classe. A 5º e a 6º classe foram feitas numa aldeia próxima, em Sanguinhedo.
Seguiu a profissão do seu pai? Ou mãe?
Não. Apesar de ter trabalhado até aos 16 anos na agricultura. Mas depois fui para Angola trabalhar.
Por quê? Porque a agricultura não dava rendimento.
Escolheu a sua profissão livremente ou foi imposta pelos seus pais? Livremente. Gosto muito da minha profissão.
Como conseguiu os seus empregos?
Trabalhei na agricultura para ajudar a minha mãe. Aos 16 anos, fui para Angola trabalhar por convite do meu tio (irmão da minha mãe).
Aprendeu uma profissão? Sim, várias.
Qual? Mecânico de carros e máquinas pesadas.
Onde? Cabinda – Angola.
Em que local? Cabinda.
Foi aprendiz? Foi mestre? Fui aprendiz e anos mais tarde professor de mecânica.
Teve sempre a mesma residência ou mudou de lugar? Mudei de lugar.
Aos 16 anos fui trabalhar para Angola. Casei-me em Portugal e construi casa em Vila Real, aonde vivia quando vinha de férias de Angola.
Por que razão? Para conseguir um melhor salário.
Casamento? Sim
Profissão? Atualmente especialista de máquinas de petróleos.
Outro? Formador na área de mecânica petrolífera.
Migração
Migrou para uma cidade? Sim.
Para qual? Cabinda por motivos profissionais. E para Vila Real, poucos anos após o casamento.
Por quê? À procura de uma vida melhor.
Foi fácil encontrar trabalho? Sim.
Quantos trabalhos teve nesse local? 3
A adaptação foi fácil ou difícil? Fácil.
O que recorda desse tempo?
Quando cheguei a Cabinda, eu tinha uma vida boa. O salário também era bom. Era cidade com muita vida, tinha muitos divertimentos durante a noite e fins-de-semana.
EmigraçãoEmigrou para o estrangeiro? Sim, para Angola.
Quando? Dia 18 de Maio de 1973.
Por quê? À procura de uma vida melhor.
Quantos anos aí ficou? 31 anos.
A adaptação foi fácil ou difícil? Fácil.
Quando regressou? Nunca regressei, apenas nas férias.
Nunca me arrependi de ter ficado em Angola. Ter-me-ia arrependido se tivesse voltado para Portugal.
Enviava correspondência à sua família? Sim.
Tem alguma carta desse tempo? Não.
Estado CivilQuando era jovem, como se divertia?
Não havia grande tempo para divertimentos enquanto estive em Portugal, só depois que emigrei.
Quando era criança, escorregávamos pelos montes utilizando giestas.
Quando e como conheceu a sua esposa / seu marido? (trabalho, casualidade, vizinhança, família, amigos…)
Através de uma amiga, numa festa popular perto da minha terra natal.
Quando casaram? Em 22 de Janeiro de 1984.
Tem fotografias do seu casamento? Sim.
Pode mostrá-las? Sim.
Filhos
Número de filhos? Uma filha.
Tem fotografias dos seus filhos pequenos? Sim.
Que estudos fizeram? Tirou o curso de Naturologia-Acupunctura. Atualmente está a tirar outro curso.
Guarda os seus diplomas? É ela que guarda os diplomas.
Que empregos tiveram? Desde que se formou, sempre trabalhou na área dela. Contudo, também ajudava a mãe.
Onde? Trabalhou fora de Portugal e atualmente em Lisboa, Tábua e Vila Real.
Práticas religiosas Praticava / frequentava alguma religião? Sim.
Qual? Católico.
Andou na catequese? Sim.
Fez as comunhões? Sim.
Tem fotografias da sua comunhão solene? Não.
Fez o crisma? Sim.
Ia nas procissões? Não.
Pertenceu à fábrica da Igreja? Não.
Foi mordomo de alguma festa religiosa? Não.
Tem fotografias dessas festas? Não.
Pertenceu a algum grupo da Igreja (JAC, JOC, Cruzada, Lusitos, Legião Portuguesa, etc.) Não.
Memória do PassadoO que recorda de Portugal no período em que nasceu?
Muita miséria. As pessoas tinham muito pouco para viverem. Tudo o que tinham era do que cultivavam.
Lembra-se como era a vida no período regime salazarista? Sim.
Acha que havia falta de liberdade? Sim, muita falta de liberdade.
E de oportunidades? Muito poucas oportunidades.
Os mais pobres tinham as mesmas oportunidades que os filhos “das boas famílias”? Não. Os mais ricos sempre tiveram mais oportunidades e ainda hoje isso acontece, infelizmente.
Como viveu esse período de repressão? Tinha uma vida normal pois não me metia na política. O facto de se viver muito longe de Lisboa, fez com que não se sentisse a repressão de uma maneira tão forte como em Lisboa.
Algum dia foi interrogado pela PIDE? Não.
Alguém da sua família foi interrogado pela PIDE? Não.
Que acontecimentos políticos, sociais vividos no país o marcaram mais?
Como estava a trabalhar fora do país, nunca fui afetado pelos acontecimentos políticos.
O poder era exercido pela Igreja? Os padres mandavam nas aldeias? Tinham alguma influência.
Lembra-se do pároco da sua aldeia? Sim.
Teatro? Música?
O teatro e a música desses tempos eram o trabalho.
Lembra-se das atividades desenvolvidas pela Casa do Povo da sua aldeia? Não havia Casa do Povo.
Os professores eram também pessoas com uma forte influência na comunidade. Como recorda os seus professores primários?
Eram bons e amigos dos pobres.
A mulher era autónoma? Tinha trabalho? Ou era doméstica? Doméstica e trabalhava no campo.
Opções políticasFoi ativista político? Não.
Pertenceu a algum partido ou movimento? Não.
Esteve preso no Regime Salazarista? Não.
Participou em manifestações? Não.
Foi apoiante do Regime Salazarista? Não.
Pertenceu à polícia política de Salazar? Não.
Seguidor / admirador de Salazar? Não.
Seguidor / admirador de Marcelo Caetano? Sim.
Por quê?
Porque foi o Marcelo Caetano que levou o país à democracia e fez com que houvesse reformas para todos.
Guerra ColonialEsteve na Guerra Colonial? Não. Mas vivi de muito de perto a revolução civil que aconteceu em Angola.
Em que colónia? Angola.
Em que data? 1973 a 75.
Lembra-se de algum episódio passado lá?
Lembro-me de muitas coisas de Angola, do antes e depois da independência.
Eu encontrava-me a viver com os meus tios, os quais me tinham mandado ir para Angola. Até essa altura (antes da independência) tudo foi muito fácil e eu tinha uma boa vida. Estudava à noite e trabalhava durante o dia. Aprendi a profissão de mecânico. Para mim foi um mar de rosas, nada me faltava.
De 1973 a 1974, eu trabalhava numa oficina de carros. De 1974 a 1975, eu trabalhei em outra oficina de máquinas pesadas. A partir de 11 de Novembro de 1975, data da independência de Angola, tudo se tornou num autêntico inferno, com as guerras entre os partidos existentes em Angola - F.N.L.A., de Holden Roberto, M.P.L.A. de Agostinho Neto e a U.N.I.T.A., de Savimbi.
Nessa altura, muitos países deram auxílio a Portugal para evacuar todos quantos dali quisessem sair. Mas em primeiro lugar era dada a prioridade às mulheres e crianças, só depois é que eram os homens.
Os meus tios saíram de Angola dois meses antes da Independência. Eles queriam que eu fosse com eles, mas resolvi ficar. Mais tarde arrependi-me por não ter saído também, mas já era tarde demais. Por ali aguentei naquele inferno. Quase todos os dias havia combates, onde milhares de pessoas perdiam a vida. Assisti sem querer, a vários episódios de combates e vi tanta gente a morrer à minha frente.
Havia guerra a toda a hora fora das cidades, e nas cidades, por vezes, havia uma pausa que nunca se sabia por quanto tempo. Por vezes, saia de casa e estava tudo calmo e horas depois ou minutos, tudo começava de novo, o que me fazia ir a correr para um lugar mais seguro e por vezes nesse lugar onde me encontrava a poucos metros, via gente a ser morta e sem poder socorrer ninguém.
São imagens que nunca esqueço mas com a graça de Deus nunca fui atingido. Além da guerra, havia falta de tudo – luz, água e comida. Cheguei a andar a comer só arroz durante sete meses sem mais nada; era arroz com arroz, sem temperos e sem mais nada pois não havia onde comprar nada. Tinha dinheiro mas não tinha era aonde comprar. A única coisa que ia conseguindo, era só arroz; se queria peixe tinha de o ir pescar mas também não tinha anzóis para pescar nem onde os comprar; além disso, também era perigoso ir à pesca porque estava muito sujeito a ser morto.
Mais tarde, em 1976, foram criadas as lojas do povo. A cidade foi dividida com diversas lojas; cada uma delas tinha um nome de um bairro ou de uma pessoa que fosse importante. Só podia comprar as coisas no bairro de onde pertencia; não se podia ir ao bairro dos outros nem os outros ao nosso. Existiam umas cadernetas, onde na primeira capa tinham os dados pessoais, por exemplo, nome, idade, se era casado ou solteiro. Só se podia comprar um pão por dia, 2 litros de azeite ao mês, 2kg de arroz... Tudo que se comprava era escrito na caderneta - o dia em que se fez compras. Depois só no mês seguinte é que se podia voltar a fazer compras. Sempre que uma pessoa ia fazer compras, eles iam ver se já tinha feito as compras daquele mês. Mas o problema que se encontrava, era quase sempre o mesmo - nunca havia nada na loja; por vezes ia comprar arroz ou batatas mas só havia feijão, então comprava só o feijão e era isso que comia e nada mais. Outras vezes, só arroz; com sorte, às vezes havia duas ou três coisas para comprar. Uma coisa que eu nunca consegui comprar, foi pão, pois nunca havia.
Tudo isto aconteceu até 17 de Fevereiro de 1977, data em que consegui emprego nos petróleos, na Cabinda Golf. Ali comecei a trabalhar nas máquinas de extração do petróleo. Após alguns anos de prática e cursos dados pela companhia e certificados de louvor passei a técnico de máquinas. Mais tarde, passei a chefe e ao mesmo tempo a treinar o pessoal natural de Angola na reparação e manutenção de máquinas.
Em Março de 2004 fui para a Nigéria, trabalhar para a mesma companhia. Lugar aonde ainda me encontro e com a qual estou muito satisfeito e por aqui penso ficar.
Acha que a guerra era necessária? Não.
Ou foi um erro e um flagelo para a juventude portuguesa? Foi um erro muito grande.
Ficou com traumas da guerra? Apenas com fracas imagens.
Ficou a residir numa ex-colónia? Sim.
Constituiu lá a sua família? Não.
Por que motivo ficou lá? À procura de uma vida melhor.
Quando regressou? Só de férias. A primeira vez que vim de férias foi em 18 de Maio de 1978.
Como as mães viram a guerra colonial?
Viram a guerra como uma perda de vidas, em que muitas pessoas foram mutiladas para nada. Quando fiquei em Angola na altura da independência, para a minha mãe foi uma tristeza muito grande, pois pensou nunca mais me voltar a ver e eu pensei o mesmo. Fiz tudo isto a pensar na minha mãe porque a queria ajudar e sempre que podia lhe mandava dinheiro.
Durante este período era muito complicado enviar dinheiro para a minha mãe. Antes da independência, era fácil, bastava ir ao banco e eles faziam a transferência para Portugal, mas após a independência, eu ia até à alfândega e dizia que ia enviar roupa. Eles faziam a revisão de toda a roupa e quando eles mandavam fechar a mala, rapidamente eu colocava o dinheiro no meio da roupa, sem eles repararem.
Como aceitaram passivamente a ida dos filhos para a guerra?
Penso que ninguém aceitava ver os filhos partir para a guerra mas naquele tempo ninguém escapava porque era obrigatório. Alguns ainda fugiram para França mas muito poucos.
Eu tinha um tio, que era passador. Ele ajudou muitos jovens a escapar de irem para a guerra, pois arranjava-lhes forma de irem trabalhar para França. Ele passava-os na fronteira a pé e tinha outro amigo espanhol que o ajudava.
O que gostaria de dizer sobre esse enorme drama que atingiu Portugal nas décadas de 60 e 70?
Que tudo isto podia ter sido evitado. Portugal não devia ter dado tantas esperanças para quem por lá (Angola) andou. Disseram que as províncias ultramarinas eram nossas para depois chegarem a 1975 e imensas pessoas ficarem sem nada.
Foram milhares de jovens que perderam a vida e outros tantos que ficaram mutilados e muitos ainda que ficaram traumatizados.
Migrações
Ida da aldeia
para a cidade?
Sim.
Qual? Vila Real.
Fixou-se em? Vila Real.
Casou? Sim.
Teve filhos? Sim. Uma filha.
Emigrou? Angola,
Nigéria.
Comparação com o presenteTudo mudou para melhor sem comparação alguma.
Atualmente, as pessoas têm melhores condições de vida. Têm água canalizada, luz, saneamento, telefone e antigamente era muito difícil alguém ter tudo isto.
As pessoas estão cada vez mais consumistas. Gastam imenso dinheiro em coisas desnecessárias. É um consumo exagerado. Compram imensos telemóveis sem terem necessidade.
Agora, as pessoas têm carros, antigamente tínhamos de andar a pé para chegar a qualquer lado. Quando andava na escola em Sanguinhedo, tinha de fazer todos os dias da semana, por volta de 4 km, quer fizesse sol ou chuva. Atualmente, as pessoas têm um conforto que nunca existiu no passado e estão constantemente a queixarem-se.
Há muita mais fartura agora. Há mais alimentos, assistência médica. Antigamente, o que tínhamos para comer, tinha de ser produzido por nós. Tínhamos de cultivar as terras. Atualmente, as pessoas fogem das terras. Todos quiseram ir tirar cursos e tiveram possibilidade de os tirar. Antigamente, era rara a pessoa que tinha a possibilidade de ir estudar.
No aspeto político: mudança da ditadura para a democracia.
Eleições, livres, partidos políticos, sindicatos, associações várias (consumidores, ecologistas, direitos humanos, etc.)
Atualmente temos mais liberdade, pois temos direito ao voto. Mas o que acaba por acontecer em Portugal, é que quem é eleito acaba por abusar do poder e não ter a menor noção de gestão financeira, levando o país a ficar cada vez mais endividado.
No aspeto económico: por um lado, melhores salários, melhores empregos depois do 25 de Abril, reformas para toda a gente até ao final do século XX.
Atualmente, os idosos têm uma reforma e direito a assistência médica gratuita e antigamente nada disso existia.
De uma forma geral, existem melhores condições.
Portugal, já passou por algumas fases. A fase em que recebeu muito dinheiro da união europeia e acabou por abusar e desperdiçar dinheiro.
Atualmente, por má gestão e por falta de consciência, Portugal encontra-se numa situação precária. Pois toda a gente acha que tem direito a ganhar mais do que o outro. Não há o menor bom senso. A responsabilidade está nas mentalidades das pessoas. E se estamos no estado em que estamos, deve-se à falta de formação moral e ética da população em geral.
O português sempre foi um ser insatisfeito e que não soube dar valor ao que tinha de bom. E só quando emigra, é que dá valor ao trabalho e aprende a respeitar o patrão e colegas de trabalho.
As pessoas deviam aprender a respeitar o seu trabalho e a ter uma maior dedicação ao seu trabalho. Sem esforço nada se constrói e esse é um problema da sociedade atual. Habituou-se ao que é fácil e sem sacrifício.
Não é necessário tirar um curso, para se conseguir crescer na vida. É preciso dedicação, esforço, honestidade em qualquer que seja o trabalho. Quando amamos o que fazemos e nos dedicamos ao nosso trabalho, conseguimos vencer.
Nas relações homem-mulher: mudança de papéis sociais, mulher trabalha fora de casa, reconhecimento e equiparação dos direitos sociais, etc.
O homem e a mulher têm um papel semelhante na sociedade atual.