Entrevistado: Álvaro Batista Guedes
Entrevistadora: Anabela de Matos Loução
Local da entrevista: Vila Nova, Vila Real
Data da entrevista: 8 de abril de 2011
Identificação:
Como se chama?
Nome: Álvaro Batista Guedes
Esposa: Clotilde de Jesus Matias Ribeiro Guedes.
Data de nascimento: 16 de Agosto de 1941
Idade: 69 anos
Tem alguma fotografia sua quando era criança?
Não tem
Pode mostrar-ma?
Naturalidade:
Onde nasceu? Freguesia de Nogueira
Local de nascimento: Em casa
Lugar da residência actual coincide com o lugar de nascimento ou não? Por quê?
Não coincide, porque emigrou
Actualmente vive no Lugar da Pitanela – Folhadela – Vila Real
Como era a sua família?
Número de irmãos: uma irmã
A sua família tinha uma alcunha? Não
Vida dos pais
Como se chamam ou chamavam os seus pais?
Pai: Abel Batista Guedes
Mãe: Maria do Rosário Machado
De onde eram?
Local de nascimento do pai: Nogueira
Local de nascimento da mãe: Nogueira
Sabe em que ano nasceram? Pai em 1900 e mãe em 1905
Sabe como eles se conheceram? Não sei.
Em que ano casaram?
Tem alguma fotografia do casamento dos seus pais? Não.
Onde ficaram a viver? Nogueira.
Quantos filhos tiveram? Um casal.
Qual a profissão do seu pai? Lavrador/Agricultor.
Qual a profissão da sua mãe? Lavradora/Agricultura.
Dificuldades/ facilidades da vida dos seus pais e da sua.
Outros assuntos: Tinham dificuldades, eram pobres.
A sua vida
O Sr./Sra. Nasceu no ano de? 1941
Nasceu em casa? Sim
No hospital? Na maternidade?
Teve possibilidades de estudar? Sim
Quantos anos frequentou a escola? Frequentou 4 anos.
Onde estudou? Estudou em Nogueira Escola Primária fez 4ª classe e terminou “Ginásio” no Brasil
Seguiu a profissão do seu pai? Ou mãe? Não.
Por quê?
Escolheu a sua profissão livremente ou foi imposta pelos seus pais? Não foi imposta.
Escolheu Comércio.
Ou pelas circunstancias de vida?
Como conseguiu os seus empregos? Comércio, Restaurante e Hotel.
Aprendeu uma profissão? Sim
Qual? Alfaiate
Onde? Nogueira
Em que local?
Foi aprendiz? Foi mestre? Sim foi aprendiz
Teve sempre a mesma residência ou mudou de lugar?
Por que razão?
Casamento? Em Portugal em 1959.
Emigração
Emigrou para o estrangeiro? Sim emigrou para o Brasil em 1961.
Por quê? Procura melhores condições vida Foi fácil encontrar trabalho? Não, foi difícil.
Quantos trabalhos teve nesse local – Três trabalhos, vendeu legumes no mercado, teve lanchonete e posteriormente adquiriu um restaurante e hotel.
A adaptação foi fácil ou difícil? Bastante difícil.
O que recorda desse tempo? Recorda que havia muitos assaltos.
Quantos anos aí ficou? 50 anos.
Quando regressou? Regressei há 15 anos.
Por que regressou? Saudades e voltei as origens.
Não se arrependeu de voltar? Não.
Por quê?
Enviava correspondência à sua família? Por telefone.
Tem alguma carta desse tempo? Não
Estado civil
Quando era jovem, como se divertia? Bailaricos na aldeia e pertencia grupo da igreja onde faziam peças teatro.
Quando e como conheceu a sua esposa/ seu marido? (trabalho, casualidade, vizinhança, família, amigos…). A esposa era sua vizinha e encontravam-se nos bailaricos da freguesia.
Tem correspondência do seu namoro? Não.
Tem fotografias tiradas durante o seu namoro? Não
Quando casaram? Em 1958.
Tem fotografias do seu casamento? Sim, Bodas de Ouro.
Filhos:
Número de filhos? Dois filhos, casal.
Tem fotografias dos seus filhos pequenos?
Que estudos fizeram? Filha é advogada no Brasil e o filho tem o 12º ano de escolaridade, ambos são responsáveis pelo negócio no Brasil (Hotel).
Guarda os seus diplomas? Não se recorda.
Práticas religiosas
Praticava/ frequentava alguma religião? Sim praticava.
Qual? Religião católica.
Andou na catequese? Sim
Fez as comunhões? Sim
Tem fotografias da sua comunhão solene? Não
Fez o crisma? Sim
Ia nas procissões? Sim.
Tem fotografias das procissões? Sim
Pertenceu à fábrica da Igreja?
Foi mordomo de alguma festa religiosa? Não
Tem fotografias dessas festas? Não.
Pertenceu a algum grupo da Igreja (JAC, JOC, Cruzada, Lusitos, Legião Portuguesa, etc.) Não
Sou membro do Roter Internacional (ajuda aos desfavorecidos sem fins lucrativos).
Tem fotografias dessas actividades? Não.
Memória do Passado
O que recorda de Portugal no período em que nasceu? Participou em peças de teatro quando era adolescente. Sim, algumas na igreja.
(Implantação da República, Regime Salazarista (Estado Novo), 25 de Abril de 1974, Regime Democrático). Recorda de pouca coisa.
Lembra-se do pós-guerra (2.ª Guerra Mundial)? Não.
Como se vivia nesse tempo? Eram tempos difíceis, não podiam conversar livremente.
Lembra-se como era a vida no período regime salazarista? Os meus pais recordavam e diziam que se vivia uma época difícil, com dificuldades e onde pessoas não podiam falar.
Acha que havia falta de liberdade? Não havia liberdade.
E de oportunidade? E de oportunidade também não.
Os mais pobres tinham as mesmas oportunidades que os filhos “das boas famílias”? Não tinham as mesmas possibilidades. Os filhos das pessoas ricas eram mais beneficiados e bem visto.
Como viveu esse período de repressão? Recorda que os pais comentaram que passaram dificuldades.
Algum dia foi interrogado pela PIDE? Não. Ouvi alguns episódios de conhecidos.
Que acontecimentos políticos, sociais vividos no país o marcaram mais? Não se recorda muito.
Como viveu no regime autoritário do Estado Novo? Que tinha como lema “Deus, pátria e família”?
O poder era exercido pela Igreja? Os padres mandavam nas aldeias? Não, cantava o hino nacional, recorda que a professora lhe bateu e o feriu.
Lembra-se do pároco da sua aldeia? Sim, Padre José Palma.
Que actividades educativas e culturais dirigia?
Teatro? Sim.
Folclore? Não.
Música? Não.
Lembra-se das actividades desenvolvidas pela Casa do Povo da sua aldeia? Não recordo.
Os professores eram também pessoas com uma forte influência na comunidade. Como recorda os seus professores primários? Eram muito autoritários.
O chefe da família era o dirigente da casa? Era a minha mãe.
A mulher tinha os mesmos direitos que o marido? Ou não? Não, não tinha.
O marido era fiel à esposa ou não? Eram mais discretos.
A mulher aceitava a infidelidade? Por falta de sobrevivência económica? Pelos filhos? Pelo amor? Sim pelo facto de não trabalharem e também pelos filhos.
A mulher era autónoma? Tinha trabalho? Ou era doméstica? Doméstica.
Os casais usavam métodos anticoncepcionais ou não? Por quê? A maioria não tinha conhecimento.
A Igreja não aconselhava o uso de anticonceptivos, as famílias eram aconselhadas a ter os filhos “que Deus quisesse”. Não falavam de anticonceptivos e os domingos era dia de festa.
Concordou com essa imposição ou não? Não respondeu.
Havia muitos abortos naturais e muita mortalidade infantil? Sabe por quê? Sim havia, pois não havia informação.
O que recorda de Portugal no período em que nasceu? Participou em peças de teatro quando era adolescente. Sim, algumas na igreja.
(Implantação da República, Regime Salazarista (Estado Novo), 25 de Abril de 1974, Regime Democrático). Recorda de pouca coisa.
Lembra-se do pós-guerra (2.ª Guerra Mundial)? Não.
Como se vivia nesse tempo? Eram tempos difíceis, não podiam conversar livremente.
Lembra-se como era a vida no período regime salazarista? Os meus pais recordavam e diziam que se vivia uma época difícil, com dificuldades e onde pessoas não podiam falar.
Acha que havia falta de liberdade? Não havia liberdade.
E de oportunidade? E de oportunidade também não.
Os mais pobres tinham as mesmas oportunidades que os filhos “das boas famílias”? Não tinham as mesmas possibilidades. Os filhos das pessoas ricas eram mais beneficiados e bem visto.
Como viveu esse período de repressão? Recorda que os pais comentaram que passaram dificuldades.
Algum dia foi interrogado pela PIDE? Não. Ouvi alguns episódios de conhecidos.
Que acontecimentos políticos, sociais vividos no país o marcaram mais? Não se recorda muito.
Como viveu no regime autoritário do Estado Novo? Que tinha como lema “Deus, pátria e família”?
O poder era exercido pela Igreja? Os padres mandavam nas aldeias? Não, cantava o hino nacional, recorda que a professora lhe bateu e o feriu.
Lembra-se do pároco da sua aldeia? Sim, Padre José Palma.
Que actividades educativas e culturais dirigia?
Teatro? Sim.
Folclore? Não.
Música? Não.
Lembra-se das actividades desenvolvidas pela Casa do Povo da sua aldeia? Não recordo.
Os professores eram também pessoas com uma forte influência na comunidade. Como recorda os seus professores primários? Eram muito autoritários.
O chefe da família era o dirigente da casa? Era a minha mãe.
A mulher tinha os mesmos direitos que o marido? Ou não? Não, não tinha.
O marido era fiel à esposa ou não? Eram mais discretos.
A mulher aceitava a infidelidade? Por falta de sobrevivência económica? Pelos filhos? Pelo amor? Sim pelo facto de não trabalharem e também pelos filhos.
A mulher era autónoma? Tinha trabalho? Ou era doméstica? Doméstica.
Os casais usavam métodos anticoncepcionais ou não? Por quê? A maioria não tinha conhecimento.
A Igreja não aconselhava o uso de anticonceptivos, as famílias eram aconselhadas a ter os filhos “que Deus quisesse”. Não falavam de anticonceptivos e os domingos era dia de festa.
Concordou com essa imposição ou não? Não respondeu.
Havia muitos abortos naturais e muita mortalidade infantil? Sabe por quê? Sim havia, pois não havia informação.
Opções políticas
Foi activista político? Não
Pertenceu a algum partido ou movimento? Não
Esteve preso no Regime Salazarista? Não.
Participou em manifestações? Não.
Foi apoiante do Regime Salazarista? Não
Pertenceu à polícia política de Salazar? Não
Seguidor/ admirador de Salazar? Não
Seguidor/ admirador de Marcelo Caetano? Sim admirava.
Guerra Colonial
Esteve na Guerra Colonial? Não.
Emigrou para o Brasil
Fixou-se em? São Paulo.
Viveu alguma catástrofe natural (cheias, temores de terra, derrocadas, guerra, exílio, etc.)? Sim, derrocadas em S. Paulo.
Sofreu alguma experiência traumática? Não.
Morte de um ente querido? Não.
Acidente? Não.
Doença grave? Não.
Tem alguma história em especial que nos queira contar? Fiquei assustado com os jacarés, cobras em Mato Grosso. Nos anos 80 e 90 havia assaltos, resultantes das favelas do Rio de Janeiro. Comprou carro a álcool em 1966.
Comparação com o presente
O que lhe parece que mudou?
No aspecto político: mudança da ditadura para a democracia. Residia a 80 Km de São Paulo e tem um Hotel com loteamento industrial, ficando os meus filhos a gerir os negócios.
No aspecto económico: por um lado, melhores salários, melhores empregos depois do 25 de Abril, reforma para toda a gente até ao final do século XX.
- Idosos têm melhores condições de vida do que tiveram os seus pais? Sim.
Aspecto social: deu-se a universalização da Segurança Social. Do Estado Social em todos os países europeus, depois da queda das ditaduras salazarista, franquista, italiana, etc.
Acha que existe muita população envelhecida e poucos incentivos à natalidade.
Sim, acha que existem muitas pessoas idosas, que deveria existir mais incentivos à maternidade.
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